Embora Vincent Van Gogh tenha obtido quase nenhum reconhecimento em vida, o legado de sua obra sobreviveu a sua geração para inspirar futuros artistas ao redor do mundo. Suas pinceladas dramáticas deixaram nas suas pinturas expressões de movimento que viriam a guiar os olhos de quem as contempla. Em Com Amor, Van Gogh, dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Welchman, esses movimentos preenchem a tela, criando uma experiência visual que leva a audiência para dentro das pinturas mais famosas do artista.
A grandiosidade do longa-metragem advém do talento e dedicação de mais de cem pintores classicamente treinados que trabalharam para criar cada quadro do filme usando a mesma técnica que Van Gogh. No total, 65 mil quadros foram pintados a óleo em tela, o que não apenas resultou no primeiro filme inteiramente produzido com pinturas a óleo, mas também em uma exposição no museu Het Noordbrabants na Holanda que conta com mais de uma centena das pinturas a óleo criadas na realização de Com Amor, Van Gogh.
O enredo do filme também segue um caminho diferente do esperado, pois ao invés de ser uma biografia, a história começa um ano após a morte de Van Gogh com o jovem Armand Roulin, cujo pai era amigo íntimo do artista. O pai do Armand pede que ele entregue pessoalmente a última carta de Van Gogh ao seu destinatário, visto que tentativas anteriores de entregar a carta falharam. Armand, que nunca foi muito próximo ao pintor, inicia então uma jornada que o permite conhecer um Van Gogh até então despercebido para ele.

O enredo, ainda que simples, consegue sobreviver ao estilo, fazendo questionamentos não tão profundos sobre suicídio e arte e retratando a mente conturbada do artista. Ao contar a sua história através das suas obras, Com Amor, Van Gogh reverbera as próprias palavras do Van Gogh: “Só podemos falar através das nossas pinturas".
Com Amor, Van Gogh (2017)
Direção: Dorota Kobiela, Hugh Welchman
Gênero: Drama/Animação
Roteiro: Dorota Kobiela, Hugh Welchman e Jacek Dehnel
Duração: 1h 35 m