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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Resenha: 'Into The Wild' - Jon Krakauer

Em 1993, o jornalista e então escritor Jon Krakauer foi convidado pelo editor da revista Outside para escrever um artigo sobre a história do jovem Christopher McCandless. Christopher doou, logo após sua formatura em 1991, todas as suas economias para instituições de caridade e, sob o pretexto de continuar estudando, se mudou da casa dos pais. Por causa da ausência de notícias, eles decidiram fazer uma visita surpresa para o filho. Chegando na casa, porém, encontraram uma placa de "aluga-se" onde supostamente Chris deveria estar morando. Christopher havia desaparecido sem avisar ninguém e ficou três anos sem dar qualquer sinal até finalmente ter sido encontrado.

"I now walk into the wild."

O jornalista Jon Krakauer ficou tão intrigado pelas razões que levaram o jovem McCandless a abdicar de sua aparente boa vida que o seu artigo acabou resultando em 1996 em uma biografia chamada Into The Wild. O livro é um conjunto de cartas e relatos das pessoas que passaram pelo caminho de Chris enquanto ele pegava caronas em direção ao que ele mesmo chamava de natureza selvagem. O livro, ou melhor, a história do mochileiro Christopher McCandless se encaixa perfeitamente no padrão literário narrativo chamado quest, onde um personagem sai em uma jornada com uma razão aparente camuflando uma razão real que com frequência tem a ver com auto-conhecimento.

Em Into The Wild, McCandless foge da sociedade consumista com a clara intenção de se desligar dos seus bens materiais para começar a viver uma vida unplugged. O mundo moderno faz com que as pessoas vivam em circunstâncias infelizes onde nada é feito para se mudar porque as pessoas desse mundo estão condicionadas a uma vida de conformidade. Christopher acreditava, porém, que o coração do espírito humano está na sua paixão por aventura e que a felicidade somente surge dos nossos encontros com novas experiências. Sendo assim, Christopher abandonou sua inclinação pela segurança monótona para adotar um estilo de vida à deriva. 

Na sua jornada, Christopher conhece pessoas de diferentes lugares e hábitos que somam à sua experiência de distanciamento do meio social. McCandles foge em direção ao desconhecido não apenas para refletir sobre a natureza ou sobre o mundo em geral. Na realidade, é aqui que encontramos a verdadeira razão de sua odisseia, McCandles foge da sociedade para também explorar o mundo selvagem de sua própria existência. O tempo que ele passa longe da família, mais especificamente o tempo em que está isolado no frio e na neve, são essenciais para a exploração interna e para a estrada de auto-conhecimento por onde ele começa a caminhar.

"Even when we were little," says Carine, "he was very to himself. He wasn't antisocial - he always had friends and everybody liked him - but he could go off and entertain himself for hours. He didn't seem to need toys or friends. He could be alone without being lonely."

Os relatos de familiares e conhecidos mostram o quanto desde pequeno McCandless era inclinado à introspecção, embora de acordo com a sua irmã ele nunca tenha sido antissocial. Essa preferência por não estar rodeado de pessoas também pode ser entendida como uma razão mais interna para o início da sua jornada. Um pouco mais tarde na sua aventura, porém, uma das epifanias que Christopher teria é a de que os momentos de felicidade não tem assim tanto significado quando não são compartilhados com os outros.

Embora o esforço e o claro trabalho do  autor em buscar as pessoas que cruzaram o caminho do mochileiro, o livro peca no fato de o autor não deixar espaço para que o leitor faça as suas próprias inferências e tire suas próprias conclusões. O autor também inclui dois longos capítulos de uma história pessoal que se assemelha a história de McCandless e acaba fugindo completamente do foco da obra e deixando a narrativa monótona. Em um dado momento, a impressão é de que o autor não tem mais o que escrever e apenas preenche a página com outras narrativas. Mas tirando esses detalhes, Chris e sua vida desligada da sociedade intrigam e surpreendem os leitores.

Em 2007, o livro se transformou em um filme homônimo estrelado por Emile Hirsch e dirigido por Sean Penn. Uma vantagem do filme é que ele consegue adicionar uma pessoalidade que está ausente na biografia. Esse é mais um dos raros casos em que a adaptação se sobrepõe ao livro, o que no caso é até compreensível pelo fato de se tratar de uma biografia. O livro, porém, é um ótimo background para os que assistiram e gostaram do filme e tem curiosidade sobre os momentos que antecederam e vieram depois da jornada de Christopher McCandless.
Título: Into The Wild

Autor: Jon Krakauer

Editora: Anchor

Ano: 1997

Número de Páginas: 207

Língua: Inglês

21 comentários:


  1. Elderito, tuas resenhas, affo <3
    Olha isso, não assisti ao filme e não sabia que o livro era uma biografia.
    Obrigada por abrir a minha mente! Por me mostrar novos mundos! Me tirar da ignorância!
    Achei interessante tuas constatações. Confesso que não sou fã de biografias, acho que só li uma, inclusive, e a autora pecou nesse mesmo aspecto: colocou suas experiências e abafou o foco.
    Enfim, tua resenha é instigante.
    Se eu não ler o livro, certeza que assistirei o filme.

    Beijos nas nádegas. Mwah.

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    1. Precisas assistir o filme ontem, Fernandinha. É bom demais, tão bom que acabou virando um dos meus favoritos. O melhor de tudo é que tem ele no Netflix (foi lá que eu assisti).

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  2. Eu já assisti o filme e, com certeza, é um dos melhores que já vi na vida!!! Também entrou pra minha lista de favoritos. Não li o livro, mas gostei de como a história do Chris foi retratada no filme e a atuação do Emile me surpreendeu muito! também gostei de como eles misturaram a cronologia.
    A trilha sonora é linda (Eddie Vedder, please!) e "Happiness Is Only Real When Shared" se tornou um dos meus mantras, perfeito... PERFEITO!!!!!
    Espero ler o livro algum dia, mas fico feliz em saber que fizeram uma boa adaptação.

    Excelente resenha, Elderito <3 não esperava menos de ti <3

    BEIJÃO!!!!!!!!

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  3. É um filme que fiquei bastante interesso desde a primeira vez que comentaste comigo sobre. A temática me chamou muito a atenção e toda as críticas positivas que tenho ouvido dele só me fazerm ter mais vontade ainda de assisti-lo. Felizmente tô entrando de férias e esse será o primeiro filme da lista gigante que tenho a ser assistido. Ótima resenha.

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  4. Como assim eu não conheço o filme??? E olhe que me considero uma cinéfila!
    Então, não sei o motivo mas a premissa do livro me lembrou bastante a do livro A Sangue Frio, do Truman Capote, só que sem tanto sangue. hehe
    Não conhecia o livro, mas me apaixonei pela sua resenha! Tanto que já estou em busca dele por aqui.
    Não tenho costume de ler literatura desse tipo, mas sempre fico encantada quando leio.
    Valeu mesmo a dica!

    bjus
    terradecarol.blogspot.com

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    1. Como uma cinéfila você precisa ver o filme logo. Não sei se o filme vai lhe tocar da mesma forma que me tocou... mas de qualquer forma, é um filme incrível.

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  5. Olá, acabo de visitar seu blog e segui-lo. Lhe desejo foco, sucesso e força. Que conquiste muitas realizações através do mesmo. E também convido você e seus/suas leitores/leitoras a conhecer o meu blog: toobege.blogspot.com.br . Beijinhos e espero você lá também *0*

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  6. Não conhecia esse livro, mas pela sua resenha com certeza leria!
    Gosto quando os livros viram filmes!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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  7. Não conhecia o livro e nem sabia que tinha o filme. Mas aí você vai dizer logo agora que tem no Netflix??? Eu cancelei a assinatura esse mês, se soubesse tinha visto antes e adicionado um pouco mais de cultura na cabeça,hahaha.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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  8. Concordo com suas palavras, Fran. Foi um final ao mesmo tempo triste e incrivelmente feliz.

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  9. Oie quem fala é a Lua kkkkk engracadinho!
    Nossa li sua resenha e esse livro é bem diferente das leituras que estou acostumada a ler, mas parece ser bem interessante, realmente desconhecia o livro e até mesmo o filme, depois pesquiso mais sobre ele!
    bjkas
    Dani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação

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  10. Não conhecia esse livro, mas ele parece ser ótimo, adorei a sua resenha, acho que vou ler.
    bjs
    anjodecereja.blogspot.com

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  11. Oie
    Não conhecia o livro, mas com essa resenha impecável, é impossível não desejar ler. Mesmo que o autor tenha pecado em encher linguiça, ainda assim fiquei muito interessada, pois amo biografias
    Quero assistir a adaptação também.
    bjos
    www.mybooklit.com

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  12. Parece ser um livro bem interessante e diferente de tudo o que já li e gostaria muito de conhecer essa obra.Pena que tem hora que o autor promove essa enrolação, isso é muito chato.
    Te desejo um ótimo Natal e bom Ano Novo.
    Beijos!
    Paloma Viricio-Monólogo de Julieta.

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  13. Se eu não me engano assisti esse filme e não gostei muito.
    Não sabia da existência do livro mas, admito que ler em inglÊs me desanima.
    Sou meio lerdinha huaauauha
    Essa questão de ter partes enroladas meio que me desanimou também.
    Beijos,
    Paula
    http://www.interacaoliteraria.com/

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  14. Olá Elder.
    Nunca ouvi falar desse livro e, infelizmente, muito menos no filme.
    Mas parece ser bom até... Pena que não faz muito meu gênero.
    Ótima resenha!
    Beijos,
    Ana M.
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

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  15. Esse lance de fazer resenha vc leva bem a sério né?
    Fica muito bom, vc coloca tudo que um curioso precisa e ainda pedir mais

    Feliz natal desde já um ótimo ano novo (:

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  16. Hey!
    Não conhecia o livro, mas sua resenha me deixou curiosa. Acho esse cara bem peculiar, porque definitivamente não é fácil encontrar pessoas que tomam uma atitude como a dele. E também pelo fato de você ter citado que ele acaba chegando à conclusão de que nada é tão bom não tendo com quem compartilhar. Então, ao mesmo tempo que ele segue seu desejo, acaba confrontando com suas próprias ideias no caminho.
    Gostei da resenha!
    Bjss
    sete-viidas.blogspot.com

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  17. Não conhecia o livro, no entanto dá para dizer que aparenta ser uma biografia fantástica. Imagino que até seja o tipo de biografia que, apesar de mostrar a busca do biografado por seu autoconhecimento, também consegue fazer o leitor se conhecer de alguma forma. O interessante é que se trata de uma biografia bem diferente do que estou acostumado (acho que as biografias estrangeiras possuem esse charme diferente), então certamente seria uma obra que aproveitaria e muito a leitura. Gostei da dica!

    Abraços,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  18. Acho que meu comentário foi pra parte de spam. Ele sumiu ;___;

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