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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Um Jovem Libertário - Conto

Hoje incerta localização, antes a cidade de Társis. Pouco conhecida por quem muito já lhe viu o nome nos textos tradicionais. Lugar de ventos fortes, flora não tão rara e pessoas nem tão comuns para a visão de um ocidente influenciador, mas que na época não se dava por descoberto, nem a curiosidade para se descobrir. Era conhecida a cidade antiga, e nesse cenário distante foi que se viveu a história de um jovem medroso, imaturo, porém dependente de suas opiniões.

Era astuto, bravo, temido por si mesmo e de uma lentidão de decisões que quase lhe custou à vida. Fora destinado a fazer viagem para Nínive, outra cidade que não merece relativa descrição. A caminho de seu primeiro rumo muito pensou, parou para discutir sobre a trajetória que fazia, esse vínculo feito por um mandante que mal conhecia, mas ainda seguiu. A dúvida era tanta e tanto, também, o incomodo que decidiu parar, refletir, brincar de ter autoridade sobre seu próprio corpo, sem saber que esse sistema complexo pertence aos vermes naturais.

Sentou-se próximo de alguns ludibriados, enganados pelo vinho, seduzidos pelo fogo da terra e todos, já socializados, puseram-se a conversar. Até falaria besteira se tivesse aquele poder - Ah! Aquele fundamental poder que ainda não lhe pertencia-. Pensou, ainda temendo o que pensar, mas raciocinou.

-Tenho pernas, visão e outros sentidos ainda não falhos. O que faço seguindo os passos de outros? Ora, mas vou para outro canto, um lugar que eu mesmo me leve, me arraste sem mandamentos.

E foi o jovem peralta, correu para outros cantos. Depois de alguns tempos estava em Jobe, outra antiga cidade que desmerece comentários por ora incertos. Chegando por lá soube de um navio que saía para Társis- Aquela de início comentada, despercebida nos livros empoeirados-. Arranjou-se por algum lugar na embarcação e partiu. Navegava para a sua independência, a sua responsabilidade, agora poderia gozar dos prazeres, antes condenados por seu superior que tanto censurava suas atitudes de moço feliz. E não viajava em vão, fique bem claro isto, fora mandado sem retrucar as ordens que visam somente o ordenador, tolo.


Já na embarcação os outros tripulantes souberam de alguém importante enraivecido, um homem que conseguia lançar raios e punições. As ventanias comunicaram o temporal que vinha, o caos que se formava, alguns diziam ouvir de trovoadas, que tempestades se aproximavam. Para outros, sussurraram ainda as ondas do mar que um desespero lhes esperava.

O rapaz descera antes disso tudo ao porão e dormia, neste inicio de vendaval, em profundo sono, num sono enfeitiçado. Enquanto roncava, os outros ativos permaneciam aos estopins de lágrimas e sincronia de passos correndo sem aparente salvação. O temporal brincava, e todos jogavam seus pertences no mar, eram roupas, calçados, caixas, filhos, vida e algumas lamentações. Pediam clemência para os seus tantos respectivos deuses, foi aí que o mestre do navio, afim de conferenciar mais deuses, chamou o dorminhoco aos berros.

-Acorda! Acorda! Uma calamidade se passa, nossas vidas estão à mercê dos deuses, agora! Já! Acorda-te! Ajuda! Ajuda! Pede para um dos teus para que faça cessar tão longo temporal, peça antes que eu te jogue nas águas! Precisamos leve deixar está embarcação! Implora as tuas entidades para que não pereçamos!

E diziam outros no convés aos seus companheiros:

-Vamos lançar a sorte, reúnam-se, lancemos a sorte e veremos quem foi o causador deste infortúnio que nos rodeia, quem é o culpado deste mal que caiu sobre nossas vidas!

E lançaram a sorte, depois de todo já reunidos. A culpa caiu sobre o janota, ainda com rosto marcado pela sonolência.

-Te declaras culpado por este mal? Por este castigo por qual passamos, por estas pessoas quais no mar jogamos? De onde vens? Qual é teu povo? Onde fica a tua terra?

-Sou um novo viajante, desprovido de senso, desajuizado, que temia a um rei, um deus, um mandante, mas agora nada teme, responde.

As faces rubras de medo e notável pavor fitaram-no com grande ódio. Os braços dos bravos homens lhe agarraram com força, não sabiam o que se fazer para que o temporal acalmasse, todavia, o culpado na mão, a sorte bem podia ser manipulada. Antes mesmo que chegassem a conclusões o julgado decidiu por ser jogado no temporal, lançando no abismo que são essas águas violentas. Tão logo deixado o jovem no mar estava e a tempestade cessou.

O aventureiro arremessado, na inquietude das ondas, fora surpreendido por um grande peixe, e o vertebrado engolira seu corpo que boíaca são, sugou-lhe com ferocidade digna de um espetáculo para o rei frustrado com o seu servo desvirtuoso.



E o garoto Jonas por lá ficou, ainda hoje vive pelo ventre de algum peixe descomunal, vive devorado, mas vive feliz. Segue o caminho que tanto quisera, mesmo que nas vísceras de um peixe, e apaixonado está pela liberdade repleta de escamas que o mandante cheio de remorso fizera-o ter. O importante é que tivesse essa abertura aos seus pensamentos, expressões e cultos mais interessantes, que tivesse o seu próprio modo de viver.



4 comentários:


  1. sufocante.nao consegui acompnahar tudo,mas bem legal xD

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  2. eu me pergunto se são pseudônimos, eu se há uma pífia semelhança com a realidade.

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  3. quase nao tenho fôlego pra chegar até o final, mas por fim.

    queria ter mais palavras, mas acho que eu fiquei encantada com o texto elter.

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  4. "-Tenho pernas, visão e outros sentidos ainda não falhos. O que faço seguindo os passos de outros? Ora, mas vou para outro canto, um lugar que eu mesmo me leve, me arraste sem mandamentos."

    perfeito, senti que a descrição dele cabe muito a você, e na verdade, todos nós podemos encontrar um lugar nosso, sem nenhum mandamento que não seja os que nós mesmos determinamos!

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