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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Por um ano novo onde possamos fazer mais sentido

Em 2015 aprendi que se doar ao próximo e ajudar os que mais precisam de nós é caridade, mas se questionar sobre o motivo que os faz precisar da nossa ajuda é "esquerdar"; descobri que o pluralismo de ideias só existe se a ideia sendo veiculada for a que eu defendo, caso contrário é doutrinação; observei o ódio encurralar o Chico Buarque na rua pois ele - vejam que disparate! - tem posicionamentos diferentes aos de algumas pessoas; vi nos telejornais imagens de uma cidade destruída pela ganância furiosa. E hoje vejo um esquecimento cercar o nome Mariana; acompanhei pessoas em redes sociais invalidando a comemoração de uma causa sob o pretexto de que a fome na África era mais importante e que para essa ninguém dava atenção, mas também vi as mesmas pessoas virando a cara para mendigos na rua; escutei gritos de "herói" e "guerreiro do povo brasileiro" direcionados aqueles que mais nos apunhalam e, por um momento, me assustei com o que nos espera no futuro; nas redes sociais conclui que não se pode falar da violência contra a mulher sem se falar da violência contra os homens, dos abusos sofridos pelos homens, das agressões sofridas pelos homens, da humilhação sofrida pelo homem, enfim, temos sempre que abrir espaço pra falar do homem. E ainda assim o número de mulheres que conheci esse ano agredidas por seus parceiros foi bem maior do que o número de homens que conheci que são agredidos por suas parceiras (sendo o total deste último igual a zero); presenciei um "amor cristão" diferente do que aprendi em casa e me assustei com a intolerância que sentencia homens e mulheres mesmo antes do que Deus (e sinta-se livre pra escolher o seu); mas, ainda que desiludido com esse amor cristão que aprendi ser doação e no próximo observei ser egoísmo, não desisti e deixei de acreditar em um outro amor mais palpável: o amor do homem e da mulher para com o seu semelhante. 

Os momentos de extrema felicidade que tive neste ano devo ao amor que de muitos recebi e que para outros tantos dei, pois amar também é doar-se ao próximo. Em 2016, quero que uma das mais importantes lições de 2015, uma que aprendi apenas há alguns dias atrás, guie nossas atitudes nos 366 dias que nos esperam: só há sentido existirmos aqui se fizermos sentido na vida de alguém. E de que outra forma podemos fazer sentido na vida do próximo se não por vias do amor? 

Feliz ano novo.

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