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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Resenha: 'Ariana' - Igor Gielow

Igor Gielow não deve ser um nome desconhecido para aqueles mais interessados em conflitos políticos. Jornalista desde 1992, Igor tornou-se correspondente internacional a partir de 1996 ao se especializar em assuntos geopolíticos que envolvem o Oriente Médio, como o interesse global na economia baseada no petróleo, as fortes desigualdades sociais, os problemas nas uniões tribais e étnicas, a fragilidade das estruturas de governo e, sobretudo, a centralização islâmica da vida política.

"Ariana" é o romance de estreia do jornalista, onde o autor utiliza todo o seu background em relação aos conflitos no Oriente Médio e mergulha o leitor num suspense que, ao passo que se aprofunda nas relações tribais da região, também nos convida a conhecer como se dá a construção de reportagens internacionais.

Na obra, Mark Zanders é um jornalista brasileiro em trabalho no Paquistão. Durante um encontro em Islamabad com Wakar, seu fixer (uma espécie de faz tudo do jornalismo internacional, que pode ser tanto intérprete, secretário e até mesmo motorista), os dois são surpreendidos por um atentado terrorista que tira a vida de Wakar, mas conecta Mark ao misterioso diário de uma menina paquistanesa de nome Ariana. Durante suas buscas para desvendar os segredos que envolvem o diário, Mark se depara com um esquema bem maior do que ele próprio imaginava, esquema que pode lhe render uma brilhante reportagem para o jornal em que trabalha.

Ainda que trate de um tema de meu profundo interesse, os conflitos no Oriente Médio, "Ariana" me desapontou justo no seu narrador, que, na maioria das vezes apático, coloca a culpa dos seus problemas nas mulheres que passaram pela sua vida e peca em reconhecer que as suas próprias atitudes individualistas que tornam seu cotidiano no labirinto de solidão em que vive. Em decorrência do narrador por quem criei tão pouca simpatia, demorei-me meses na leitura de "Ariana", de tal modo que em alguns momentos pensei até mesmo em desistir da leitura.

Não abandonei a obra unicamente por causa da carga de conhecimento e detalhe embutida na mesma, evidente fruto da vasta experiência do autor no que diz respeito aos conflitos no Oriente Médio desde iniciada a guerra ao terror, o empreendimento militar norte-americano que teve como principal estratégia combater o terrorismo no mundo - ainda que os mais chegados às teorias conspiratórias duvidem dessas motivações de cunho heróico.

Não fosse, repito, o narrador que em alguns pontos fez com que eu rolasse meus olhos, a história seria easy A para mim, mas não tem nada pior do que um personagem que infelizmente não consegue cativar o leitor, principalmente quando é este quem narra a história. A experiência do Igor no jornalismo é refletida na sua escrita que é sem rodeios e palavras supérfluas, o que torna o texto extremamente objetivo e envolvente no que diz a respeito ao desenvolvimento do mistério que envolve Ariana. Os apaixonados por geopolítica irão se surpreender com a narrativa madura da obra, dado que é o primeiro romance do autor, e seu nível de detalhe histórico no que concerne o Oriente Médio.

Título: Ariana

Título original: Ariana

Autor: Igor Gielow

Ano: 2015

Páginas: 350

Editora: Record

3 comentários:


  1. Eu não perco tempo com personagem que não é carismático, ainda mais quando eles que narram a história. A vida é curta demais pra isso, se fosse eu, pulava logo pro próximo livro!

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    Respostas
    1. Então, neste caso dois motivos me impediam de simplesmente pular pra próxima leitura: (1) é livro de parceria e portanto tenho que lê-lo até o fim e (2) sempre tenho a esperança de que o livro se salve lá pro fim. Não é um livro ruim, não disse isso, o problema é o narrador da história que tem uma personalidade que faria com que eu não me sentasse com ele na hora do recreio.

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  2. Ai, protagonista ou escrita ruim são a pior coisa num livro, se juntar os dois mela tudo. Este tipo de obra com personagem meia boca, mas com conhecimento a agregar é sempre um impasse na decisão de partir pra outra leitura.

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