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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Festa estranha com gente esquisita (e eu nem tomei birita)

Como já esperava, todo o nervosismo pré-embarque se atenuou durante o voo e se transformou apenas em alegria quando dei meus primeiros passos na terra do Obama. Confesso que no início fiquei perdido ao entrar nos EUA, imerso numa terra longe de casa com pessoas de cultura tão diferente, porém ainda assim atraente, e uma língua um pouco distante da que se aprende em alguns cursinhos de inglês. O nervosismo e o receio não passaram do primeiro dia, porém, porque nos outros eu já estava nas gincanas, dançando zumba e participando da festa  mais estranha que já participei (a festa que me motivou a escrever esse post).

Então, vamos começar pelos momentos embaraçosos: o meu roommate (em outras palavras, o carinha que divide o quarto comigo). O nome dele é Jacob, ele está aqui para estudar computação, o cara é super gente boa e temos (tínhamos?) tudo para ser amigos. O primeiro momento embaraçoso com o roommate foi logo quando (e como) nos conhecemos. Era de manhã bem cedo quando escutei um barulho na porta do apartamento. Ele veio entrando e eu continuei deitado (de bruços, com samba-canção, sem cueca e fingindo estar dormindo), então de repente me dei conta de que estava praticamente semi-nu e descoberto, mas quando abri os olhos já era tarde demais, já estava no quarto toda a família dele me observando. Levantei aflito (depois da sensualização nossa de cada dia), dei bom dia para todos, fui para o banheiro e enquanto sentado no vaso estudei seriamente a possibilidade de nunca mais sair de lá de dentro.

Bem aqui eu gostaria de abrir um parêntese para comentar o quanto às vezes me sinto dentro de algum livro do John Green. Esse costume norte-americano de deixar a casa quando você entra na universidade e essa convivência nos alojamentos tão retratada por ele em seus livros me fazem algumas vezes pensar que estou dentro de Quem é você, Alasca? ou mesmo imerso em O Teorema Katherine. É bem legal como os adolescentes por aqui rompem o laço de dependência (ou pelo menos o laço mais direto) com os pais e embarcam sozinhos na vida adulta dentro da universidade. No Brasil, tenho certeza de que irei viver com minha mãe até que ela resolva me expulsar de casa (porque sou desses folgados).

Mas vamos voltar a segunda parte dos constrangimentos com o roommate (a pior parte pra mim). Na primeira noite em que dormimos juntos, acordei na madrugada, olhei para a cama do lado e percebi que não tinha ninguém. Na mesma hora deduzi que o carinha tinha saído do quarto por causa do meu ronco violento (no outro dia fui descobrir que foi por causa disso mesmo). Levantei para me certificar e encontrei o menino dormindo todo encolhido no sofá. Não dá pra descrever exatamente o tamanho da vergonha que senti, mas pensei seriamente em ficar acordado toda vida para nunca mais roncar (no final das contas eu apenas comprei aquelas fitinhas que você gruda no nariz e então pode respirar melhor). Pedi desculpas para ele e agora estou dormindo na sala porque não quero criar nenhum clima desconfortável e sou dessas pessoas legais que fazem tudo para evitar inconvenientes (sim, me amem).

No final das contas, meu roommate e eu estamos bem (exceto pelo fato de que não paro no nosso apartamento e talvez ele se incomode com isso, ou não). Já ando conhecendo muita gente de todos os cantos possíveis do mundo e sem dúvida alguma essa é uma das partes mais enriquecedoras do intercâmbio. Japão, India, República Dominicana... Já recebi até um convite para ir para a Pennsylvania no feriado de ação de graças para comer peru. Conheci alguns norte-americanos também e essa é a oportunidade para abrir outro parêntese (sim, esse post ficará gigante, portanto se você estiver ocupado, talvez você queira voltar aqui outra hora).

É comum ver na televisão matérias gigantes sobre obesidade sendo vista como doença nos EUA. Os costumes por essas áreas são bem diferentes dos costumes alimentares do Brasil. O café da manhã da universidade é hambúrguer com ovo, queijo e bacon (se minha mãe souber que ando comendo isso no café da manhã ela me arremessa uma panela). No primeiro dia na cafeteria peguei um suco de limão e mais esse hambúrguer (convite para a morte) e a senhora do caixa olhou para mim com cara de espanto e soltou: só isso? Em inglês, claro, mas só nisso já dá pra sentir o drama. 

O almoço também não é tão saudável já que a grande refeição norte-americana é a janta e não o almoço como no Brasil, ou seja, é comum comer uma pizza ou um hambúrguer no almoço e na janta uma comida mais decente (ainda não tive a oportunidade de jantar na cafeteria pois sempre acabo comendo em casa, mas realmente estou torcendo para que a janta seja decente). Outro aspecto curioso é o preço das comidas não-saudáveis que são muitas vezes mais baratas que legumes, frutas ou verduras (que sim, são caríssimos). Uma das pessoas que conheci por aqui relatou ser gorda porque antes a família não tinha condições financeiras para comprar comidas saudáveis e por isso eles só comiam besteiras, o que acabou deixando todo mundo gordo na família (confesso que fiquei chocado quando escutei isso).

Outro detalhe interessante por essas bandas é o preço das roupas. Peguei alguns dos meus trocados e fui para o shopping com os outros brasileiros que conheci (todos muito legais grazadeus), gastei menos de duzentos dólares e voltei para casa cheio de roupas de marca lindas e camisas da Hollister que no Brasil custam nada mais do que duzentos reais (e aqui não passam de uns vinte dólares). Daí no Brasil a galera compra camisas caríssimas e anda pela rua se achando pica das galáxias, mas mal sabem que estão comprando Cachaça 51 a preço de Absolut Vodka.

Enfim (depois de cuspir tanta informação), vou falar da tal festa que me motivou a escrever todas essas impressões, a Headphone Party. Uma festa que atingiu altos níveis de estranheza (e que com certeza deve ter no Brasil, mas nunca ouvi falar). Nessa primeira semana está acontecendo algo como uma semana do calouro, então todos os dias estão tendo atividades divertidas até o começo das aulas (dia 26 de agosto). Já teve karaokê, competições entre os diferentes prédios dos alojamentos (como cabo de guerra), festa do milkshake, festa do ice cream, mini-aulas de Zumba (sim, entrei na sala e dancei com as meninas super animado e vou embora um dia daqui mesmo, então tô nem aí, vou curtir) e, por fim, a festa dos headphones.

É um festa curiosa, logo na entrada lhe entregam um headphone onde você tem duas opções de músicas, é só apertar num botãozinho no headphone e pronto, o som muda para outra estação. É isso apenas, não tem nenhum som altão ou coisa similar, mas sim cada um com seu headphone dançando loucamente. Se você tira o headphone só o que consegue perceber é um silêncio absoluto e muita gente dançando loucamente até o chão. No início não me contive de tanto rir, mas até o final da festa eu já tinha incorporado o espírito e estava fazendo o quadradinho de oito. Foi estranho? Sim. Com gente esquisita dançando de forma muito diferente? Sim. Mas foi bem divertido.

No mais, amanhã começam as aulas intensivas de inglês (nem contei que os livros das disciplinas me custaram mais de quatrocentos dólares) e enfim começo a seguir o caminho que foi traçado para mim. Não sei se tem alguém tão empolgado quanto eu para começar essas aulas e para começar a ler livros em inglês (pretendo reler os livros do George Martin, mas agora em inglês), mas o que posso dizer é que não vejo a hora de começar a estudar e fazer resenhas de livros norte-americanos para postar no blog (porque no final das contas o blog é literário e nada mais justo que continuar postando minhas resenhas por aqui). Fora isso, see you.

Oh my god, I can't believe it
I've never been this far away from home
Oh My God by Kaiser Chiefs on Grooveshark

10 comentários:


  1. kkkkkkk Amei!!! Ah, pode deixar que não conto pra sua mãe sobre a comida nada saudável! Até porque, da última vez q a vi, me contava sobre seu colesterol alto. Ah, sobre as roupas, aproveita e traz umas blusas da Hollister pra tia!! hehehehe Bjsss e continua a se divertir, seja dançando zumba ou quadradinho de 8!!!

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  2. Toto, we're not in Kansas anymore...

    boa sorte, querido..do fundo do coração =)

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    Respostas
    1. Nossa, isso é de The Wonderful Wizard of Oz!

      Obrigadão, Silvia =D

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  3. hahahahah
    adorei! e ri muito (embaraços//constrangimentos rsrs!)

    Bom intercâmbio!

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  4. HAHAHAH Coitado de Jacob dormindo no sofá, também sou assim me procupo quando to na casa de outra pessoa. Melhores festinhas as americanas (pelo menos nos filmes) e essa do headphone é um tanto quanto estranha o.O.

    Vai ser ótimo resenha de livros norte americanos, aguardo ansiosamente.
    Aproveita bem aí!

    Abs :D

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  5. rsrsrsrs..tenho certeza que o jacob estar curtindo muito a sua companhia apesar de ter passado a noite no sofá.xaudades primo....


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  6. So cool!!
    Que legal esta tua viagem, eu adoro posts sobre intercâmbio e cultura. Tô cursando o FCE (o exame de Cambridge)e estudo um pouco da cultura britânica nele. É bem interessante.

    Espero mais posts :-)

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  7. Oláa... Intercâmbio = ótimas postagens :D

    Tudo de bom por ai... Beijos adocicados ^^

    http://osolnasceu.blogspot.com.br/

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  8. Cara, não acredito! Eu vivia dizendo que as boates podiam enfiar fones de ouvidos nas pessoas ao invés de colocar musica alta pro mundo afora ouvir. hadufhaudh Achei hilário quando você disse isso, cara.

    Sei lá se tu me conhece, acho que já comentei no teu blog antes. Acho-o muito bom e agora que parei pra rever, com essa notícia de que você tá fazendo intercambio, pretendo ficar mais atento. Infelizmente Letras não está mais inserido no Ciências sem Fronteiras, mas tem outras formas de conseguir intercâmbio, então estou relaxado.

    Cara, boa sorte nos teus estudos aí. Aproveite, dance, sensualize e ronque ao máximo.

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  9. Estou rindo loucamente das suas experiencias, até mesmos por que eu, assim como vocês,(pelo que pareceu) também tenho tendencia para o desastre! rs
    A festa dos Headphones, também rola aqui no Brasil, pelo menos aqui em POA sim, nunca fui, mas depois dessa sua descrição quero ir para rir um pouco. Não pude segurar a risada durante a frase "mas mal sabem que estão comprando Cachaça 51 a preço de Absolut Vodka." Por que é muuuito verdade, a gente sofre demais com esses impostos... :/ Mimimi
    Muito interessante você dividir essas suas experiencias de intercambio no blog, boa sorte com tudo por ai, mostre para esses gringos o que os brasileirs são capazes! (Não cometa nenhum crime pfvr #brinks)

    http://livrologias.blogspot.com/

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