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EU, ELDER F.


Livros, filmes, fotografias e histórias contadas pela metade.

Objeto de Vida - Conto


Seguraram-na firme. Firmeza de fome, vontade de comer, beber, vontade de se alimentar. Nem se importavam com os seus sentimentos, as suas vontades, queria ou não ser usada. Fora comprada em uma viajem ao sul, no sul que quiser. Foi cara, muito dinheiro para hoje nada receber, um carinho, um amor, só dedos sujos, raro uns toques, lábios umedecidos, um grande abraço quando quem lhe abraça parece estar triste, ou com grande sem vontade, vontade de fazer nada apenas, mas vontade e sem vontade parecem não existir ao mesmo tempo.
Foi nos dias desses sentimentos sufocantes, abatidos, passageiros, que ficou sabendo que seria trocada. Tempos tristes passou, tantos anos na casa, na família, enraizada nas histórias, era a própria história. Chorou, gemeu, lamentou, no entanto, permaneceu no lugar habitual. Não fora trocada, nem seria, daria o que tinha de dar, e quando não desse mais poderiam pensar melhor.
Um susto grande levou quando se feriu, logo no iniciar do grande período de chuvas, no frio do clima, densidade do ar, terras que bebiam água. Muito foi usada, tornou-se legitimadamente objeto. Por aí, chegou alguém na casa, aparentemente anormal, sonolento, porre talvez, era um dos donos. Nessa ocasião lhe mudaram a vida drasticamente. Sede tinha, o homem que chegara. Avistou-a, preparou seu chá, o de costume quando os males são as sonolências, mal feito, mas feito. Ele, alguns centímetros de distância da que veio do sul, poucas respirações, mais nada. Fitaram-se por alguns minutos, o chegado a tomou fortemente pelos lados, mas ainda tonto, deixou que caísse, e caiu.
Frustração e muita dor ao mesmo tempo. Quebrou-lhe a orelha de forma violenta graças à embriaguez, e só quem já quebrou a orelha para ter capacidade de descrever a dor que se sente. Não era mais útil. Era um lixo, algo a ser jogado fora. Passou o restante dos seus cacos de vida abalada, antes era inteira, agora, no entanto, uma xícara quebrada.


11 comentários:


  1. atooooorei elder.
    pago pau pros teus textos, repito

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  2. .. (Dois pontos porque me fizeste ler o mesmo texto duas vezes.)Eu pagaria dinheiro "pros" teus textos, mas sou pobre. todavia, assim como essa moça aí em cima, pagarei com pau. :)Beijos Cherebe-Elder

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  3. heheheheh...

    boa idéia cara...

    abraço

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  4. "A vida é muito curta para ser pequena" (Jorge Luís Borges).


    Obrigado pelas palavras em meu blog, seus textos são maravilhosos.

    Assim que o livro estiver pronto te aviso, falta receber o prefácio e registrar os direitos. Acredito que em março ele estará "parido".

    Esse é o site da Editora: http://clubedeautores.com.br

    Entra e dá uma olhada, quem sabe você acha interessante o esquema de publicação e publica um também. É sob demanda, tem tudo em "Como Funciona", dá uma olhada.

    Abraço, Keidy.

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  5. Muito bom!
    Andei olhando por aí , muitos escritos legais. Está de parabéns. Gostei da intensidade das palavras, a forma com que expressa os sentimentos.

    Beijos

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  6. "Chorou, gemeu, lamentou, no entanto, permaneceu no lugar habitual. Não fora trocada, nem seria, daria o que tinha de dar, e quando não desse mais poderiam pensar melhor."

    Pensar demais faz sofrer,somos tds trocados..e a palavra é a mais doída nesse ponto, coitada como se usa, abusa e troca.

    beijocas seu moço!!!

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  7. sabia que, vindo de vc, nao ia ser algo obvio.
    mto bom, rapaz.
    ;P

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  8. ...e séculos depois, eu finalmente li o tal do conto da xicara. Eu sabia que ia gostar! Ahazzou bee. xDDD

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    for creating new blog or even a blog from start to end.


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